TOCABARRO

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

AS LÁGRIMAS DO OLEIRO



Colocado fui na roda do Oleiro. Senti Seu toque poderoso e ressenti-me disso!

Ouvi então minha própria voz perguntando alto: mas – porque me fazes assim?

Olha – não podes tirar-me da Tua roda depressa? É que sofro imenso nela! Não estragues mais! Quanto tempo ainda cortarás de meu barro? E são cada vez mais os pedaços e mais longos os períodos! Quando isto vai terminar? Não vês que cortas em demasia e levas muito tempo?

Parece que por cada volta que Tua roda dá, uma pontada enorme me atinge e algo de mim some! Olha que dói! E agora já não posso ser mais como era e fico inferiorizado a cada volta que dou na Tua vontade, cada corte me atinge e danifica! Parece que me estás estragando em vez de arranjar. Olha, quando isto vai acabar? Quando, em Tua perspectiva, vou estar bem?

Logo senti a roda abrandando e fui colocado fora dela. Que alegria! Havia terminado uma obra-prima em mim. Mas senti algo salgado: umas lágrimas caindo as quais deixaram lá Sua marca.

José Mateus

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